O que fim levou hoje é sobre o Engenhão. Vamos relembrar? Planejado para os Jogos Pan-Americanos de 2007 e inaugurado no dia 30 de junho daquele ano o Estádio Olímpico João Havelange foi logo batizado pela irreverência dos cariocas de Engenhão por ficar em um antigo terreno da Rede Ferroviária Federal, localizado no bairro do Engenho de Dentro.
Construído na gestão do prefeito Cesar Maia e de propriedade municipal, mas arrendado pelo Botafogo no ano de sua inauguração até 2027, com possibilidade de renovação por mais 20 anos, portanto até 2047, foi erguido para sediar as competições de atletismo e futebol.
A primeira estimativa de custo do Engenhão, foi de R$ 60 milhões, com previsão de entrega para o fim de 2004. Mas ele só foi aberto quase três anos depois e seu custo final saltou para R$ 380 milhões, pagos com dinheiro público. O seu, o meu, o nosso din dim. Ah, se problema fosse só esse, Boechat, seria até pouco por tudo mais que aconteceu depois. Como todo mundo sabe e você está careca de saber, com todo o respeito, o Engenhão está fechado porque teve problemas, problemíssimos com a sua cobertura, vamos dizer o teto.
E Que fim levou vai revelar aqui em primeira mão que todo mundo foi muito enganado durante muito tempo sobre estes problemas da cobertura. A verdade verdadeira é que as pessoas que assistiram os jogos do Pan Americano no Engenhão correram risco. Que risco? Da cobertura desabar na cabeça delas. E isso é muito grave, gravíssimo. Quem fez esta revelação para mim foi o presidente do CREA, engenheiro Agostinho Guerreiro, baseado em um estudo que durou quase um ano, com um comitê do CREA ouvindo engenheiros envolvidos no projeto, integrantes da Comissão Especial de Avaliação do Engenhão criada pela própria Prefeitura e engenheiros do Consórcio Construtor que na época era o Consórcio Racional Delta Reconoma. Um destes engenheiros, membro da Comissão Especial de Avaliação do Engenhão formada pela Prefeitura, o engenheiro civil Sebastião Andrade disse o seguinte no depoimento dele, eu estou lendo aqui do depoimento dele, hein: “Ao avaliar as medições quando da inauguração, a cobertura já estava 70 cm fora do local esperado. Apesar da estabilização mais adiante, este deslocamento aconteceu no Pan. As pessoas que foram ao estádio corriam risco com a estrutura”. Fala sério. Falai serio. Loquimini serius. Em latim Boechat loquimini serius.
Então gente, toda aquele bla bla bla sobre vento de mais de 70 km não procede simplesmente, vocês lembram? Quando a atual gestão do Prefeito Eduardo Paes fechou o Engenhão, em março do ano passado, a alegação era de que a cobertura era segura sim, só seria problema se fosse atingida por ventos de mais de 63 km por hora, Não, não, não. O engenheiro Sebastião Andrade disse que o peso da estrutura era muito para a espessura dos arcos e por isso houve o deslocamento de 70 cm. E que durante o Pan as pessoas estavam em risco. Disse com todas as letras e assinou em baixo.
O presidente do CREA me deu uma longa explicação técnica que vou tentar resumir pra vocês. As construções em arco com vãos que se apoiam em superfícies distantes, como uma ponte por exemplo, depois de prontas elas realmente sofrem um deslocamento, isso é normal e calculado. É uma técnica de construção que existe desde o tempo dos Romanos. Mas no caso da cobertura do Engenhão o projeto foi feito errado. Então o deslocamento foi maior que o previsto.
Mas os problemas foram outros. Que problemas. Falta de planejamento e pressa para tocar a obra custasse o que custasse, inclusive a segurança como agora está provado, para que o estádio fosse inaugurado para os jogos pan-americanos.
O consórcio Racional Delta Reconoma saiu da obra antes do fim e assumiu o Consórcio Engenhão formado pelas empresas OAS e Odebrecht, que já exigiu uma cláusula no contrato explicitando que não assumiria falhas do projeto. Pois bem aconteceu tudo que aconteceu. E este Consórcio está fazendo a obra de graça. Epa! Pois é, está fazendo a obra de graça. Assumiu tudo e está acionando na Justiça o outro consórcio, o consórcio lá responsável pela primeira obra. O Consórcio Engenhão me mandou uma resposta por e-mail dizendo o seguinte: Esta ação tem o objetivo de recuperar os valores já despendidos e os que ainda serão gastos nas obras de reparo na cobertura. A quantia a ser ressarcida não foi definida na ação e deverá ser apurada em perícia judicial. O Consórcio Engenhão iniciou a reforma da cobertura do estádio em julho de 2013, após assinar um "Termo de Entendimentos" com a Prefeitura do Rio de Janeiro e a RioUrbe.
No documento, as autoridades municipais reconhecem expressamente que o Consórcio não tem responsabilidade pelos projetos básico e executivo do estádio, não sendo também responsável pelas falhas que ocasionaram a sua interdição. O Consórcio Engenhão esclarece que decidiu realizar as obras de reparo da cobertura do Estádio Olímpico João Havelange, mesmo não sendo o responsável pelos problemas que acarretaram sua interdição, conforme foi atestado por Comissão Técnica Especial constituída pela Prefeitura carioca. Ao assumir a recuperação da cobertura, o Consórcio buscou contribuir para reduzir os prejuízos que foram causados ao Rio e ao País, restabelecendo a possibilidade de uso do estádio, um dos principais equipamentos das Olimpíadas de 2016. A postura foi semelhante à adotada pelo Consórcio em 2006, quando aceitou pedido da Prefeitura para firmar o Contrato Emergencial que possibilitou concluir o Estádio Olímpico a tempo de ser utilizado nos Jogos Panamericanos, tornando viável a candidatura do Brasil aos grandes eventos esportivos da década.
Olha é semelhante mesmo. A mesma coisa. O consórcio entrou emergencialmente, sem licitação, sem planejamento e por isso mesmo eu fico preocupada, para não dizer horrorizada. E como não existe almoço grátis isso tudo é muito estranho mesmo.
Quando a apuração foi para o lado da prefeitura, eu entrei nos Jogos Olímpicos na modalidade maratona. Falei, ou melhor, tentei falar com a assessoria de imprensa da Prefeitura, que me jogou para todo lado, Riourbe, Secretaria de Obras, Empresa Olímpica Municipal, Comitê Organizador Local da Copa, Rio Eventos, olha... Enfim. Vou resumir aqui o que conseugi porque na maioria dos casos recebi releases prontos e não respostas às minhas perguntas.
A reforma que está em andamento consiste na montagem de 34 torres de escoramento. Erguidas com a ajuda de guindastes essas torres saem dos degraus da arquibancada para aliviar o peso da cobertura e permitir a instalação de mastros e tirantes que reforçarão os arcos superiores. Quando a reforma estiver concluída, a cobertura será retensionada e as torres de escoramento serão retiradas. O prazo de conclusão é meio vago: segundo semestre de 2014. Hoje são 340 trabalhadores envolvidos, que essa semana fizeram uma paralisação por melhores salários, mas o consórcio estima que poderão ser até 550 no pico a obra. Eles são auxiliados pro 15 alpinistas e há outros 15 já em treinamento.
Custo? Ah, dinheiro não é problema. Resposta da Riourb: O projeto está sendo detalhado e o material orçado. Enquanto isso não estiver concluído, não é possível falar sobre custos. Nesta obra o custo é consequência, não prioridade. Como a obra começou há meses e está a poucos meses de acabar, eu nunca vi isso gente! Fala Sério Loquiminis serius. Não sabe quanto vai custar no meio da obra???
Para encerrar eu volto ao relatório do CREA que recomenda um processo ético contra todos os responsáveis pela construção do Engenhão. Como eu sei o chefe que eu tenho, Ricardo Boechat eu perguntei sim, quem na Prefeitura assinou o recebimento da obra pronta. A secretaria de obras me respondeu que foi uma comissão formada por três fiscais eleitos. Mas nem por um cacho de ouro me deu o nome de ninguém. Eu vou ficando por aqui . Fiquem comigo durante a semana no facebook que fim levou criado pelo aluno Vinicius Melo do curso de jornalismo da Unisuam e no colunaquefimlevou.blogspot. Musica. Bem como hoje é sexta feira, vamos pegar leve e tentar sorrir da desgraça ficando com A casa de Vinícius de Moraes
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